Em meio a um contexto de discussão sobre o julgamento das torturas do nosso Regime Militar, um companheiro da cidade resolveu levar a público esses questionamentos durante a passeata de 07 de setembro. Vestiu-se com uma roupa que parecia um traje militar e, buscando lembrar os tantos ilustres militares que aplicaram choques nas genitálias e nas línguas de muitos presos, vestiu uma máscara de demônio. Haveria analogia melhor? Agora esse cidadão corre o risco de ser processado pelo exército brasileiro. Pergunto: por quê?
O problema é a roupa militar? A máscara de demônio? Ora, são apenas símbolos, são significações palpáveis de uma discussão intelectual sobre a legitimidade dos procedimentos militares durante o período de ditadura! Ele feriu um signo militar? Não! Ele usou a liberdade de expressão, que hoje temos, para chamar a atenção para tantos seres humanos que o exército feriu e matou no passado. Liberdade! Parece que os militares realmente têm muito medo dessa palavra e do que ela significa.
Não é estranho ser tão fácil julgar alguém por questionar um signo, algo inerte e sem vida, ao mesmo tempo que parece tão absurdo julgar alguém que torturou e matou pessoas? Pessoas com sangue, sentimentos e sonhos. Talvez esteja mais do que na hora de por um fim ao nosso maior signo mundial de intolerância, autoritarismo e violência: os exércitos.
2 comentários:
eu tenho "raiva", quando outras pessoas conseguem expressar num texto bem escrito o que eu penso e eu não...
HehEhe...
ótimo texto, podemos usá-lo no CASCA?
Não quer tocar mesmo? poderia ser um solo de Belchior...
:D
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