Modernização joinvilense

Por motivos acadêmicos acabei conhecendo, na última semana, a obra de José Murilo de Carvalho “Os bestializados”. No primeiro capítulo desse livro, o autor destaca como a recém instalada República Brasileira resolveu modernizar a cidade do Rio de Janeiro com o intuito de mostrá-la para o mundo capitalista que se afirmava, inserindo o Brasil nesse mundo comercial e trazendo vantagens, é claro, para uma pequena elite economicamente mais forte daquela cidade.

É dentro desse contexto, de uma república criada não para trazer a população ao governo, mas sim para tirar o poder do monarca e colocar nas mãos dos mais ricos, que José Murilo afirma que os brasileiros assistiram ao processo “bestializados”. Enfim, há coisas nesse mundo que permanecem ao longo da história.


As atitudes dos governantes no Rio de Janeiro foram autoritárias, excluindo o que era “feio” do centro urbano e deixando de lado a população mais pobre, que acabou por se refugiar nos morros. O objetivo? Transformar a cidade em um cartão postal! Não havia uma preocupação social efetiva, e podemos ver esse processo na cidade de Joinville facilmente hoje!


A elite econômica e governamental joinvilense quer inserir nossa cidade no contexto moderno nacional, abrindo suas portas para o turismo de negócios a todo custo, usando os mesmos métodos que cem anos atrás contribuíram para que a antiga capital nacional fosse o que é hoje. De uma maneira autoritária cria corredores de ônibus, sem nenhuma preocupação social constrói Centreventos, boulevards e vias gastronômicas enquanto reclama de falta de dinheiro para a Saúde Pública e a Educação. Há aproximadamente dois anos a prefeitura não repassa as verbas de bolsas para a UNIVILLE: oportunizar estudo para a população carente não rende festas de inauguração.

Acontece que novamente acabamos bestializados, somos deixados de lado em favor do interesse econômico de uma pequena camada da população. Em nome de um pequeno grupo de empresários, gasta-se milhões que poderiam estar criando condições melhores de vida a uma grande parcela de joinvilenses. Qual a prioridade? A bela cidade de cartão postal ou a cidade mais justa para seus moradores?

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