Repressão?

Ainda estamos passando pela UNIVILLE buscando assinaturas para aquela carta que será entregue para a Pró-Reitoria de Administração. Resumidamente pedimos na carta que as reuniões da PROADM sejam abertas, no Auditório, com a participação de quem queira, para que os alunos possam compreender como o aumento é feito e tentar tomar parte desse processo. O aumento da mensalidade é sem dúvida o elemento que mais exclui pessoas do convívio acadêmico, é um problema de todos.

Enfim, ontem eu não estava participando da colheita de assinaturas, visto que a minha turma estava se preparando para a apresentação da Semana de História. Hoje, conversando com um dos novos membros do CALHEV, fiquei sabendo que muitas pessoas não paravam para ouvi-los dizendo estar com pressa, outras diziam não assinar porque trabalhavam ou estagiavam na instituição e tinham medo de sofrer alguma reprimenda. Como já discuti em outro texto a questão da falta de tempo, vou discorrer algumas linhas sobre a suposta repressão da universidade.

A primeira coisa a se dizer é que não acredito que ela exista. Há casos de pessoas extremamente envolvidas com movimentação estudantil e que fizeram estágio interno durante todo o tempo permitido, sem sofrerem qualquer tipo de pressão. Não lembro isso como uma maneira de elogiar a nossa universidade, porque isso não é nada além de sua obrigação, mas é importante deixar isso claro para fins de análise. Em meio a Semana de História que comemora os 40 anos de 1968, eu fico pensando: até que ponto esse medo ainda não é uma permanência do Regime Militar?

Esse medo de perder o seu estágio, perder o emprego - perder o trabalho - um elemento tão ligado à dignidade na nossa sociedade, bem como perder a possibilidade de subsistência assusta muito, entretanto várias são as variáveis, como diria meu amigo Beto Gessinger. Até que ponto esse suposto medo não é apenas uma fachada para o simples, e nada digno, comodismo. É mais fácil me esconder atrás do véu do medo da repressão do que assumidamente dizer: “não quero saber de nada disso”!

Não afirmo aqui que isso é um processo intencional, ao contrário, pode até não ser percebido pelas pessoas que o praticam, algo que vêm do subconsciente, da história de seus pais, tempos onde questionar não era permitido. Porém é algo que se pararmos um dia e nos fizermos essas perguntas internamente, vamos conseguir respostas, vamos nos compreender melhor. Ao deixar de lutar eu não prejudico apenas a mim, mas a muita gente que necessitava da minha ajuda.

2 comentários:

Maikon K disse...

Na univille o discurso é democrático, porém a prática é repressiva, os medos de participação e mobilização talvez seja um fruto da nossa história recente. Ao mesmo tempo acredito que no cerne da universidade, no corpo docente e administrativa ainda perdure o discurso: "cuidada, vc pode se prejudicar".
é claro que no ambiente do curso de hsitória um docente não falaria isso, por receio dos reflexos....mas vai saber nos outros lugares do campus.
www.vivonacidade.blogspot.com

Marcelo disse...

OPA!

Acho legal tuas observações em relação às mentalidades que ainda resistem ao tempo, mas ainda assim, penso que a repressão vem de fora para dentro. pois bem, acredito que o tempo seja o principal mecanismo de repressão, pois para freqüentar uma cadeira de universidade, se não tivermos quem nos banque, temos que ter no mínimo um emprego que atinja 1 salário e meio, as pessoas estão esgotadas para chegar na universidade e enfrentfar uma aula, tempo para leituras, para comer... isso é bem falado pelos estudantes, sei que não é desculpas, mas pode ser sim algo que aliena o indivíduo em sua vida acadêmica, eu participei muito pouco de movimento estudantil, pois queria me concentrar em manter um histórico bom para meu futuro (boletins e outros), e hoje penso totalmente diferente, graças a mim! hehe

Esse tipo de mecanismo também alimenta outros tipos de atitudes, por exemplo o tão bem argumentado "EaD" por ti meu caro, é uma questão de saída para quem não tem grana, tempo ou vontade de se foder em pagar por algo que será praticamente doado depois para o sistema, me referindo apenas às licenciaturas. Na cidade algo muito mais pertinente é a questão do ensino superior gratuito das ciências humanas (diga-se de passagem em Jacu é uma questão de repressão mesmo), mesmo assim tendo gratuidade, quem garante que todos terão condições de chegar lá.

A propósito, tenho que parabenizar aqui Neander, tuas observações, tem sido muy ricas a ponto de suscitar discussões até de forma impessoal...

Aquele Abraço!!!

Ps: Estou te add no meu lá.