Que pasmacera...

Hoje eu desanimei. Entristeci por vários motivos que tem me circundado nos últimos meses, mas muito mais pela minha atuação dentro do CALHEV nessa gestão que finda em alguns dias. Tenho, quase todo dia, parado pra pensar nos pontos negativos e positivos (um exercício muito pessoal, devo ressaltar) que ajudei a construir nessa temporada 2007/2008 e, apesar de em alguns momentos ter vontade de me jogar de cima da biblioteca, sempre percebo que esses momentos ocorreram quando eu estava fazendo alguma coisa. Trata-se de erros na execução, não na omissão.

Acabamos deixando algumas coisas de lado e em alguns momentos percebo que poderia ter feito mais em alguma área. Mas lembro que se não fiz X é porque estava ocupado com Y, sempre em nome do Centro Acadêmico. É exatamente nesse momento que rompe galopante de dentro do meu estômago a minha tristeza antes mencionada. Lembro-me de muitos momentos em que passávamos nas salas, convidávamos para reunião, montávamos jornal mural, convidávamos para reunião, entregávamos o zine, convidávamos para reunião, e toda segunda-feira éramos quatro. Ás vezes cinco, nos dias de festa seis. E quando éramos seis, não era porque estávamos entre os seis eleitos na última eleição.

Quando encontrávamos as pessoas no corredor, o discurso dominante era que estava ocupado, não tinha tempo para as reuniões, tinha trabalho pra apresentar, prova ou outra coisa pra fazer. Tudo bem. Quem se elege para o CALHEV automaticamente ganha uma concessão do departamento e um apadrinhamento dos professores: não precisamos mais fazer provas e não são computadas mais faltas. Povo, esse pretexto do “tenho outra coisa pra fazer” não cola: nós, todo e qualquer ser humano, sempre temos alguma outra coisa para fazer. Ficar sentado no corredor contando tijolos da parede é alguma coisa pra fazer. Na verdade, não é preciso nem mesmo contar tijolos. Trata-se, na verdade, de uma questão de prioridade, de vontade e de autonomia. A diretoria do CALHEV foi eleita para representar os estudantes de história, não para fazer por eles.

Andar com camisas do Ernesto Guevara, comprar livros sobre Lutas Sociais, entoar “cânticos esquerdistas” não faz as coisas acontecerem. Não levam à “revolução”. Qual a coragem de enfrentar uma luta, seja social ou estudantil, se eu não tenho nem o brio ou a vontade de “perder” dez minutos de intervalo ou de aula para uma reunião da entidade estudantil mais próxima da minha realidade?

Esse é um estouro muito pessoal sobre algumas coisas que tem acontecido nas últimas semanas. É ótimo e renovador ter pessoas por perto cobrando atitudes mas, é ainda melhor que essas pessoas ajudem a construir algo novo. As discussões sobre o Maio de 68 que têm acontecido durante a semana andam esvaziadas e seria um ótimo momento de começarmos a reagir. Os encontros não são o que você espera? Está abaixo de suas expectativas? Por favor, venha ajudar! Venha elevar a profundidade das discussões e a metodologia dos encontros! Afastar-se para apenas criticar é muito fácil, covarde e, infelizmente, comum.

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