E agora?

Todos os dias eu paro e digo:
- E agora? É isso?
Chutar todos os dias uma parede para quebrar meus pés?
Socar muros até deixar meu sangue, vermelho,
escorrer por meus dedos e manchar o chão?

Por quê?
Apenas para quem for fazer a limpeza,
cansado de tanto trabalho xingar,
ajoelhado,
esfregando com força.

Não escreverão histórias sobre minha vida.
Não farão músicas sobre meus feitos.
Serei citado no livro dos vencidos,
dos derrotados.

Para quê?
Até minha memória,
que por vezes julguei sábia,
se esquece do suor derramado
nesse trilho que passo
e que, até hoje, apenas fiz cortar caminho.

Que esperança?
Não entendo,
nem mesmo acredito
que possa um dia compreender.

Não espero que alguém,
com as horas,
elabore alguma resposta.
Não espero que alguém,
com as horas,
decifre essas perguntas.

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