Utopia

Já aconteceu muita coisa desde a última vez que escrevi aqui. Quando fiz escrevi que voltava ao Paraná: eu já fui, voltei, fui e voltei outra vez. Agora não tenho mais planos de viver em terras vermelhas tão cedo, mas planos são coisas muito voláteis.

Ainda continuo perseguindo o desejo de passar em algum concurso público, e cada vez consigo estudar mais para isso, mas ainda não está sendo suficiente. Ontem camarada Fifi me perguntou porque eu não faço concurso para professor, dei-lhe minha resposta, mas talvez só escrevendo para traduzir melhor meu sentimento.

Em um ano e três meses como docente, já experimente diversas sensações - do ódio à esperança, mas últimamente o único que se abatia sobre mim é o desanimo. Não me entendam mal, eu gosto de dar aulas e tenho a impressão que é a única coisa com real qualidade que consigo fazer, mas a vida de um professor é muito triste, sempre pensando em como e quando poderá ser melhor. Quero dar aulas durante muitos anos na minha vida, mas definitivamente não quero ter que sobreviver disso.

Eu gostaria de deixar a docência no lado prazeiroso da minha vida, não do lado laboral. Entrar numa sala e construir uma aula é divertido, sobretudo no Ensino Médio, mas quando isso passa a ser o meio obrigatório para garantir meu aluguel, minha alimentação e lazer, automaticamente o sentimento muda dentro da minha cabeça, e passo a ver desânimo por toda a lousa.

Tenho mais uma possibilidade esse ano para fazer essa mudança. Tenho alguns meses livres em Joinville para estudar, montar um mestrado, passar em um concurso, fazer alguma coisa para poder materializar essa vontade. Vamos ver.

Um comentário:

Maikon K disse...

Eu tbm não gosto de dar minhas aulas, prefiro vender.

Pois bem, fora a piada conceitual, digo que a dedicação no ensino público, ao menos na rede do estado de sc, é desagradante e provocador de um desanimo fodido. Eu lecionei em algumas escolas estaduais, a sensação presente foi a mesma que vc, desanimo. trabalhar 20 horas num colégio, cuja a infraestrutura é escrota e perigosa para a meninada, ter que lidar com políticos safados e canalhas e ainda dar números estatísticos para futuras campanhas eleitorais é um como se o Bradock estivesse fuzilando a esperança no ensino.
Eu tinha abandonado a sala de aula, havida dito que ficarei tentando viver com teatro, monitoria de explosições e afins. Corri o risco, valeu a pena. Já que abriu uma porta para outras atividades artísticas e políticas, assim como num colégio particular, onde tenho infraestrutura e outras coisas interessantes e necessárias para o processo de educação.o fato é que vender aula ainda não é o meu ideal, mas to na lida. o que importa é fazer plano, executar, acertar, errar e continuar tentando, como dizia uma boa banda punk, o importante é tentar.

inté.
mk