E os anos passam

Tenho dormido todas as noites muito tarde, às vezes quando escuto o despertador de minha mãe tocando é que me viro de cara para a parede e espero o sono chegar. A intenção é de estudar durante a madrugada, aproveitando o silêncio que é poucas vezes quebrado por meus cachorros ou pelo "guardinha" da rua. Ontem, porém, depois de terminar uma etapa de estudo, acabei fechando os cadernos e passando a curtir uma nostalgia. Não sei como, e isso também não interessa muito, comecei a pensar no aniversário de vinte anos do Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi - CALHEV, evento que pude participar diretamente por ser parte da gestão que trabalhava durante essa data.

Apesar de ter muita coisa que vale a pena ser lembrada naquele momento, meus pensamentos acabaram direcionados para a mesa redonda (não lembro se foi assim chamado) que aconteceu com presença de um ex-presidete do CALHEV, da então chefe do Departamento de História e do ex-presidente do DCE. Aliás, somente sobre os participantes e suas falas poderiam ser construídos milhares de postagens, mas não é sobre isso que quero falar. Não se pode esquecer de maneira nenhuma a presença na platéia do Magnífico Reitor da Univille, Paulo Ivo Koentopp.

Quero escrever aqui exatamente sobre a minha fala naquele dia. Assim que acabou o evento, um número considerável de críticas recaiu sobre o que apresentei, principalmente pontuando que eu deveria ter sido mais incisivo em minhas declarações, menos polido em meus argumentos. Apesar de concordar em parte com essas críticas e acreditar que poderia ter feito algumas coisas de maneira diferente, tinha pra mim que a minha postura fora boa. Continuo acreditando nisso, mas menos do que antes.

Hoje eu vejo que deveria ter ali, na frente de todos, lembrado, palavra por palavra, da falsa democracia existente naquela instituição, hipocrisia esta representada na não participação direta dos estudantes em assuntos como aumento de mensalidade, mudanças na grade curricular e investimentos da universidade. E, principalmente, deveria olhar efusivamente nos olhos de algumas professoras, umas que sorriam e se remexiam concordando com cada palavra minha, e falado da demagogia de suas atitudes. Mas infelizmente muitos desses acontecimentos acabaram ocorrendo depois daquela comemoração.

Se (sempre o eterno e maldoso 'se') eu estivesse hoje lá, preparando a minha fala, teria feito uma apresentação de slides com fotos das manifestações em que o curso de História já tinha se envolvido, e discutido uma por uma seus efeitos e as atitudes daqueles "democratas" que ali riam e concordavam comigo, mas que dentro dos seus gabinetes assinam papéis que destrõem patrimônios (como a sala do CALHEV que foi destruída sem aviso prévio esse ano), agindo como se os estudantes fossem fantoches. Como eu gostaria de poder fazer isso hoje.

Mas eu não posso. Aqueles dias passaram e hoje, tudo o que eu posso fazer é escrever para que não se percam mais essas oportunidades, uma chance de dizer com todas as letras que, enquanto alguém admira os fiordes noruegueses, existem estudantes que lutam apenas para conseguir uma vida melhor através da educação.

Um comentário:

Filipe Ferrari disse...

De uma música do Sabina: "No hay nostalgia peor que llorar lo que nunca jamás sucedió"