Coisas que a chuva não leva...

Está chovendo! Não muito forte, mas o suficiente para me tirar da sacada de casa e me trazer de volta, infelizmente, ao computador. Gosto muito dessa grande tecnologia, mas, quando passa de opção a única saída, ela me irrita.

Sentado agora na sacada eu observava a rua e, facilmente, identifiquei muitas mudanças em relação ao meu tempo colegial, quando era um garoto boboca estudante do Colégio “29 de Abril”, e esse meu tempo atual. Agora, além de ser um jovem boboca desempregado, há várias casas novas na redondeza, pessoas novas caminhando na rua e até um cachorro novo em meu quintal. Seguindo minha rua, na direção oposta da praia encontra-se sendo construída a Avenida Paraná, promessa de campanha dos últimos cinqüenta anos e que, finalmente, sai do papel e toma o lugar de várias árvores.


Mas algumas coisas parecem não mudar. As pessoas que aparecem nos jornais da cidade são as mesmas e, quando mudam as pessoas, as idéias continuam. Outro dia um grande colunista guaratubano escreveu que o MST é um movimento de pessoas que nunca trabalharam no campo, vagabundos que não merecem receber terras do governo. Segundo essa pessoa, a saída seria criar empregos para que, trabalhando, elas conseguissem construir algo em sua vida. Ainda afirma que em pouco tempo pessoas terão o direito de criar o MSF: Movimento dos Sem Ferrari! Se o governo dá terras, porque não dar carros?

Nunca tive uma relação muito direta com nenhum grupo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, mas, com mínima leitura não baseada em Veja sobre o tema pode-se levar por terra todos esses preconceitos. Com qualquer análise social e histórica do nosso país é possível perceber que o problema da terra é mais complexo do que a fala desse senhor e que, nas atuais situações das estradas brasileiras, seria inviável todo cidadão possuir uma Ferrari.

Doeu em meu coração ler aquelas linhas, imagino como seria o sentimento no coração de um trabalhador que apenas está atrás de distribuição de renda, de um local para trabalhar. Agora, o que dói ainda mais no meu coração é ter demorado tanto pra escrever sobre isso. Há duas semanas saiu esse artigo no jornal e demorei todo esse tempo para escrever. Moro em Guaratuba há quatorze anos (com um pequeno lapso de cinco anos vivendo na próxima Joinville) e é triste perceber como esse tipo de pensamento tem espaço e vida no cotidiano e nas mídias dessa cidade.

Infelizmente não há como conseguir o link do artigo supracitado, mas deixo aqui o endereço do Jornal da Hora de Guaratuba (clique aqui) em sua última edição para quem quiser acompanhar.

Reza a lenda que a imagem acima é de Debret e retrata Guaratuba. Não tenho certeza, mas parece.

3 comentários:

Maikon K disse...

voltou a escrever nessa bagassssaaa!!!
mto bom.
cara, o clima ta tenso na cidade, ao menos para aqueles que o jogo de hoje tem importancia. na casa da minha ta foda, o marido da minha mae fica no quarto e eu no meu. os dois nao vao na cozinha ao mesmo tempo, quando acontece um encontro os olhares nao se cruzam.
tenso

Josi disse...

Rapaz, andas preguiçoso hein?
escreve mais, gosto de ler é é um jeitinho de de matar as saudades.
Gosto de ler e pensar em você falando tudo isso. Daí eu leio e as coisas ficam na minha cabeça com sua voz. hahaha
deu pra entender?
Beijocas

Cibele disse...

poxa! eu sou uma ferrari!
e escreva mais, assim como vc sou uma boboca desempregada, mas na minha casa não tem sacada e mto menos é praia, então computador é mais q única opção :D