Voltar e refazer

Acabou. Finalmente, depois de um ano reclamando, está tudo terminado. Foram dias e dias de vontade de pular do boulevard do tio Tebaldi, de um regime frustrado e de livros engolidos. Estou tecnicamente formado. Entretanto, o pior sentimento chega agora ao meu cambaleado peito.

Acabo de ler o livro Caribe – o paraíso submetido[1] e tomou-me um forte sentimento de voltar no tempo e reformular meu projeto de ensino: quanta coisa eu deixei de fora. Como que, tentando trabalhar a história latino-americana de uma forma não eurocêntrica, eu pude deixar de lado o processo de independência do Haiti? Como eu deixei de trabalhar o processo colonialista cubano, que teve pontos muito específicos? Tudo bem que o tempo era escasso, mas hoje não vejo como pude deixar escapar esses detalhes.

Lembrei-me de um dia em setembro quando, preparando uma aula, encontrei um livro que me ajudou profundamente e pensei: “como é mais fácil quando a gente lê antes de fazer”! Queria muito, mas muito mesmo ter tido acesso a esse material tempos atrás. Talvez tivesse conseguido mais êxito na parte que foi a mais falha da minha regência, o módulo que tratava dos processos de conquista, colonização e independência.

Tenho minhas ressalvas a escrita do livro supracitado. Primeiro senti a escrita meio confusa e não gostei muito dos “vai e volta” que existem, apesar conseguir me acostumar pelo meio do livro. Além disso, o uso indiscriminado do gentílico norte-americano para as atitudes dos EUA me irritou, bem como uma defesa velada do socialismo. Porém, como lembrou camarada Maikon, o contexto histórico do lançamento da obra explica muito.

Enfim, para a re-re-inaguração desse blog acredito que este texto é valido. Espero, muito mesmo, conseguir manter a regularidade que mantive tempos atrás. Tempo agora não me falta.

[1] AZEVEDO, Elizabeth R.; HERBOLD, Hildegard. Caribe – o paraíso submetido. Ed. Brasiliense: São Paulo, 1986.

2 comentários:

Maikon K disse...

cara.

1ª Finalmente voltou a escrever por aqui. Nas últimas semanas estava me sentido sozinho no mundo blogueiro da cidade. Sabe, os meus blogues preferidos daqui estão desativados ou os-as autores-as estão num triste silêncio.

2ªFico feliz em saber que você é um quase formado em história padrão, ou seja, fica lançando as perguntas como "eu poderia ter feito assim ou assado..." ou "sou desatento e deixei isso de lado..."

3ªLendo a postagem de hoje deu uma lembraça de todas as nossas conversas e seus questionamentos em torno do "Eu", que são produtivos. Tendo como ambientes, os jangas, os palmeirões, os cicas, os luisinhos da cidade....

4ªA editora brasiliense tá para o mundo editorial brasileiro como a Alternative Tentacles ou Dischord foi ou é para o punk.

5ª Porra, deixa de lado esse ranço pequeno-burguês "anti"-socialista, é tudo coisa que colocaram na sua cabeça e não foi a Pri (Pri, beijomeliga).

6ªTu fará falta aqui.
maikon K.

Alexandre Lemke disse...

Muita sorte aí nessa nova fase.

Quando o cara escreve um post dentro de normas metodológicas é por que precisa de uma mudança mesmo...