Universo UNIVILLE - Parte 2

É de se ficar impressionado como eu tenho boas idéias quando não posso escrevê-las, acontece muito comigo, principalmente quando estou tomando banho. Outro dia estava assistindo um programa de madrugada na Record News e tinha uma pessoa explicando o fato, mas eu tava com sono e não vou me lembrar exatamente, porém tem relação com a água e tudo mais.


Comecei a pensar na minha decepção com as palavras que li ontem do Reitor da UNIVILLE, e que já comentei um pouco em outro texto. Não sei por que, talvez pelo que ouvia em sala de aula de alguns professores, eu acreditava mesmo que a nossa instituição tinha um posicionamento contrário ao Ensino à Distância e que, talvez, até pudesse levantar essa bandeira que mexe tanto com o cotidiano acadêmico. Alguns com quem conversei ontem me disseram que foi um equívoco de expressão, e que não haverá EaD na nossa universidade. Tomara, mas mesmo isso sendo verdade, ainda muita coisa deve ser dita.


O Ensino à Distância é sem dúvida outro grande problema que a educação brasileira vai enfrentar. Não é possível que se cogite a possibilidade de preparar pessoas para dar aula, sem que essas mesmas tenham tido aulas. Sabe-se que um ambiente de construção de conhecimento só acontece na discussão, no contraste, e não existe embate virtual: vídeo conferências e messengers não tomam o lugar do debate. A argumentação ao vivo e pessoal sempre foi e vai ser sempre, acredito eu, a única maneira de uma conversa render frutos aprofundados, saindo do senso comum. EaD não oferece essa possibilidade.


Sabemos também há anos que o aprendizado não se dá apenas nas salas de aula, mas também nos corredores, nas conversas informais com professores, no encontro com outros cursos e até mesmo, porque não, em festas e encontros nos bares que circundam nossas instituições de ensino. Tudo isso não existe nessa nova alternativa educacional que está se implantando em nosso país. Os professores formados em Ensino à Distância têm tudo para não construírem um ambiente crítico em sala de aula, e sim simplesmente reproduzirem as falas dos grupos vigentes, perpetuando ou aumentando ainda mais as desigualdades sociais. É importante deixar muito claro que esses profissionais não são menos capazes, só não tiveram acesso a uma educação de qualidade.


Então nosso Reitor vem a público e têm falas que parecem apoiar esse sistema (vamos partir daquela idéia de falha de expressão). O trabalhador que está todo o dia o dia inteiro no serviço, e tem como único meio de informação o jornal, vai ler aquela matéria, legitimada por uma pessoa acima de qualquer suspeita, e pode não perceber essas problemáticas que moram mais profundamente nessa questão. O estudante de Ensino Médio que tem pouco acesso às fontes de informação, infelizmente, pode ter a mesma impressão e optar por um ensino nesses moldes pelo fator econômico. A partir daí fecha-se o círculo vicioso: aquele que sofre a carência de acesso à educação, ao invés de buscar alternativas, acaba se enquadrando ao processo. Por isso é preciso que um reitor tome mais cuidado com as palavras que usa.


O que se faz preciso realmente é mostrar a comunidade joinvilense o quanto esse processo de adoção do sistema à distância é prejudicial para ela. Deve-se trazer o problema aos meios de comunicação, ao conhecimento de todos e buscar a comunidade para lutar junto aos estudantes pela conquista de uma educação de qualidade e para todos. E não são apenas esses problemas que a UNIVILLE tem: há o aumento das mensalidades, que é feito de uma maneira muito obscura, há a falta de representatividade do Diretório Central dos Estudantes e, com relação às licenciaturas, há o sucateamento dos aparelhos tecnológicos e os professores que há muito não se atualizam.


Ontem acabei fazendo o vídeo de propaganda sobre o curso de História. Não pude falar nada que gostaria e devo aparecer sorrindo e falando coisas bonitinhas sobre nossa instituição e sobre esse famoso corredor. Mas é preciso mais espaço nos jornais impressos, telejornais, rádios, a comunidade tem que saber dos nossos problemas para junto dos estudantes lutarem por uma Joinville melhor.

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