Debate

No exato instante em que o debate entre as chapas que concorrem ao CALHEV nesse ano terminou pensei em escrever. Aliás, eu precisava escrever. Algumas coisas que foram levantadas não condizem com o que eu observo naquele corredor e eu gostaria de pontuá-las.

Pra início de conversa eu não estava numa boa situação, afinal, era mediador de debate e deveria manter-me imparcial. Mas à todo momento algumas coisas que eram ditas pela chapa “23 de março” batiam lá no fundo, e eu tinha que buscar na raiz da minha ética a força para sustentar a minha neutralidade. Acredito que consegui, mas não foi fácil.

Não quero que isso pareça um testemunho de recém eliminado de Big Brother, mas essa gestão foi um ano que parece ter condensado cinco nele mesmo. As práticas de movimento estudantil, os posicionamentos interesseiros das mais variadas facções políticas, a falta de interesse pessoal e outros elementos que eu me julgava conhecedor por já ter lido sobre e que eu percebi, tristemente, que não são tão bem explicados nos livros.

Ouvi dizer que não cobramos nossos companheiros que foram ficando pelo caminho. Durante tempos, não mais que quatro meses e não menos do que três, em todas as reuniões eu colocava minha cabeça para fora da sala do departamento e, enquanto meus companheiros esperavam, saía a caça de tesoureiros, secretários e vice-presidentes. Todos esses já tinham suas funções e suas tarefas delegadas na primeira reunião pós-posse e não estávamos lidando com o primário escolar. Todos sabiam do seu papel.

Esses que desapareceram disseram que não concordaram com as posturas tomadas pela gestão, que não tinham voz. Estranho. Porque não levantar suas posturas para discussão? Porque não perguntar “porquê?”. Talvez porque não estavam presentes nas reuniões para fazer tais perguntas, sumiram do convívio do Centro Acadêmico antes mesmo de poder entender as propostas. Todos sempre foram ouvidos. Pessoas que iam em esporádicas reuniões e que nem sequer haviam sido eleitas eram ouvidas, e porque eles não seriam? Eu afirmo, e tenho certeza de que não estou descobrindo a América com essa frase, que não se pode ouvir um grito que nunca sai da garganta!

Sempre, até quando não tínhamos mais esperança de ser ouvidos, passávamos nas salas convidando para as reuniões e para nossas tentativas de movimentar artisticamente nosso curso. Chamávamos, insistíamos, mas acreditávamos (e até agora nada me foi suficientemente bem argumentado para mudar de idéia) que a autonomia é a parte mais bela e eficaz da participação humana. Com a exceção da última edição do CASCA, que foi muito complicada, sempre foi deixada a livre participação e todos foram convidados a se expressar.

Uma discussão mais profunda sobre o movimento estudantil eu deixo para um outro texto, mas creio, e creio muito, que a fundamentação do movimento estudantil tem que vir do interesse do estudante, não da imposição de suas entidades estudantis. Por isso acredito nos que sempre foram sem precisar de convite trabalhar.

Mais elementos foram discutidos e que mereciam ser debatidos nesse texto, mas ele já está ganhando mais tamanho do que uma leitura em blog suporta. Nesse último ano cometemos muitos erros nas nossas atitudes, coisas que eu faria muito diferente se fossem hoje, mas sempre foram na tentativa de construir algo, no embate e na discussão para o crescimento do CALHEV. Tenho certeza que Unimultiplicidade deixou um legado que já está se mostrando forte, e que espero que “05 de Maio” tenha oportunidade continuar com mais sucesso ainda.

3 comentários:

23 de março disse...

Neander,antes de tudo quero dizer que sempre respeitei o seu empenho como presidente do CALHEV,apesar de não concordar com a política adotada.Realmente esse foi um dos fatores que fizeram com que eu me afastasse dessa gestão,o que confesso ser um erro,mas a uma questão que eu nunca coloquei em público,problemas pessoais,que não vou citar ,assim como não citei ontem,sinceramente pra mim serve de desculpa,ou melhor motivos,mas jamais achei ético usar dessas razões para justificar minha falta de participação,só deixo claro que essas razões não me afastaram só do calhev ,2007 me distanciei de muitas coisas, inclusive do curso.Mesmo assim ,essa gestão terminou esse ano,os primeiros 6 meses não participei,isso é fato,mas esse ano acredito que colaborei de alguma forma ,mesmo sem particiapr da executiva.Essa vontade veio desde o ano passado ,com a manisfestação contra aumento,na qual participei,mas achei ter sido realizada de forma errada. Por não concordar tenho o direito de particiapr de uma outra chapa,isso foi o que me deixou mais chateado ontem,eu ter partipado ou não da ultima gestão ,não tira o meu direito,enquanto aluno de entrar em outra chapa,de querer mudança,tenho certeza que se eu estivesse na chapa 5 de maio não seria questionado sobre isso,desde do ereh que essas questões estão sendo levadas pro lado pessoal,ter duas chapas discutindo , colocando e cobrando posições diferentes é sempre positivo,não vamos ser manequeístas e achar que,só pq somos alunos de história, temos que concordar com tudo,se for assim podemos todos entrar pro MUDE,posiçoes diferentes devem ser confrontadas,e nada melhor do que ter duas chapas,coisa que parece não ter sido entendida pela "unimultiplicidade".BRUNO

Cibele disse...

douglas, eu não posso me manifestar, mas vc conhece meu coração!
qto ao "mude" não fomos nós q fizemos parte disso!

Filipe Ferrari disse...

E o mundo gira, meu caro. Colocarei você lá no ladinho do meu blog também, já devia ter feito a tempo, hehe.

Você foi um ótimo mediador, a não ser pelas piadinhas sem graça :D